Amizade incondicional em prol da segurança pública
Relação entre animais e tutores que trabalham no NOC do Denarc resulta em qualificação da atuação policial
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A relação entre humanos e animais, em muitas situações, ultrapassa a conexão entre tutor e pet. Há situações que aliam o amor com o trabalho. Assim pode ser resumida a forma como os responsáveis pelo Núcleo de Operações com Cães (NOC) do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil do Rio Grande do Sul se relacionam com seus animais.
Atualmente, seis cães das raças Labrador e Pastor Belga Malinois compõem o Núcleo, sob cuidado dos Comissários de Polícia André Vizeu e André Travassos. Desde 2011, eles atuam no adestramento, treinamento, cuidados e nas operações em que os cães são requisitados.
O termo “véia”, dito com carinho e se referindo à agente K-9 já aposentada, tem uma explicação. Após o término da atividade-fim dos cães do NOC – que acontece após cerca de 7 anos de serviço – os próprios policiais são os futuros tutores.
“Eu devo muito a eles (cães). Não tenho nem como elencar a importância deles, porque lembro de todos os cães com quem eu treinei e trabalhei. Quando se trabalha com cães de forma direta, se experimenta sentimentos muito fortes, pois se tu chegas às 2h da manhã, ele está feliz, ele quer trabalhar contigo. Quando tu chegas ao meio-dia com o sol forte, ele quer trabalhar contigo. O cão é alguém em quem se pode confiar quando está bem ou não está. Para ele não interessa se está frio ou está calor. Ele quer estar contigo. É um amor incondicional”, revela emocionado o Comissário Vizeu.
Ligação entre cão e tutor
A forte ligação entre tutores e os cães que atuam em operações policiais vem desde o início da vida dos animais, uma realidade considerada um diferencial do NOC. “Nós aqui não recebemos os cães prontos, não temos um canil central. Tudo é feito aqui. Nós trazemos o filhote, adestramos, preparamos e no final da atividade-fim desse animal, nós ainda levamos para casa e adotamos até os últimos dias dele. É difícil se separar de um amigo. Depois de anos de relação, não tinha como não levar esse animal até minha casa e cuidá-lo dele até o fim”, diz o Comissário André.
Os dois comissários, inclusive, foram responsáveis pela implementação efetiva do NOC no Denarc. “Nós viemos, o colega Vizeu e eu, para criar o Núcleo de Operações com Cães do Denarc, quando a Polícia Civil instituiu o órgão em 2011. Até então não havia uma ação mais estruturada do trabalho com cães, apenas algumas iniciativas de alguns colegas que gostavam de trabalhar com animais. Mas, a partir disso, montamos um órgão especializado voltado única e exclusivamente para adestramento e condução de cães farejadores”, detalha o Comissário André.
Desde então, foram cerca de 1,5 mil ações com atuação dos agentes K-9 do NOC entre cumprimentos de mandados, operações policiais, cursos de emprego de cão de faro, demonstrações em escolas, palestras pedagógicas e apoio a outros órgãos de segurança. Dos seis cães do NOC atuais, cinco são especializados na identificação de entorpecentes, sendo quatro labradores e um pastor belga malinois. Já o outro cão da raça belga é especializado em farejar componentes de artefato explosivo.
Trabalho com o instinto animal
Diferentemente do que algumas informações de senso comum afirmam, no treinamento dos cães que atuam em forças policiais, o objetivo é aguçar o instinto natural de caça dos animais, para permitir a identificação dos ilícitos e não oferecer contato direto do animal com as substâncias que eles procuram.
Nesse sentido, o colega de NOC reforça a forma leve como o cão é treinado para atuar nessas situações. “Para nós, humanos, o trabalho é muito técnico, sério, importante e de muita responsabilidade, mas, para o cão é uma grande brincadeira. O agente K-9, na verdade, ele não acha nada, apenas detecta odores. Se naquele ambiente ou local há o odor que ele está treinado a encontrar, ele vai achar. Nós passamos para os animais no treinamento que tudo não passe de uma grande brincadeira para ele, tanto que após a localização, o animal recebe uma recompensa”, complementa o Comissário André.
Rotina de atleta
Conforme os comissários responsáveis pelo NOC do Denarc, os cães depois de formados e treinados, possuem uma rotina diária de treinamentos, visando adaptá-los para as diferentes realidades em que eles encontrarão nas operações, como ambientes fechados e abertos, além de aprenderem a conviver com a presença de outros animais.
Toda essa dedicação reforça o entusiasmo do trabalho com os agentes K-9. "Eu digo que não exploramos nem 10% da capacidade dos animais. É uma ferramenta ímpar”, reforça Vizeu. “Esse trabalho que fazemos é com o intuito de apoiar nossos colegas”, conclui o Comissário André. A alimentação e cuidados veterinários dos animais é feita pelo órgão da Polícia Civil, em conjunto com o incentivo de apoiadores da iniciativa.