Ação conjunta desarticula esquema milionário de falsificação de cigarros no RS
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A Polícia Civil, por intermédio da Delegacia de Polícia Regional de Santa Maria e do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico, realizou uma ação conjunta que desarticulou um esquema milionário de falsificação de cigarros no Rio Grande do Sul.
Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em uma propriedade rural situada na localidade de Porto Alves (Estrada Porto Alves - ERS 348), em Agudo/RS, nove pessoas foram presas. A ação ainda resultou na apreensão de grande quantidade de maços de cigarros ilegais, além de máquinas e insumos, como tabaco triturado, filtros e embalagens de carteiras de cigarro de marcas do Paraguai e do Brasil, tudo utilizado na produção clandestina.
Após a abordagem policial, com a realização das prisões e apreensão das mercadorias, o Instituto-Geral de Perícias realizou perícia do local, com o objetivo de materializar os crimes ocorridos no local e encontrar vestígios capazes de identificar outros membros da organização criminosa. No local, a equipe do IGP constatou que os equipamentos estavam em pleno funcionamento, sendo documentada toda a cadeia de produção industrial dos produtos ilegais, desde a fase inicial, consistente no corte dos filtros e do papel, com posterior introdução do tabaco triturado para a confecção dos cigarros, passando pela fase final de embalagem em maços e pacotes, que eram acondicionadas em caixas de papelão, cada um com 50 pacotes.
Segundo os Delegados de Polícia Sandro Meinerz (3ªDPRI/Santa Maria) e Alencar Carraro (Denarc), a investigação criminal teve duração de aproximadamente três meses para a localização da fábrica clandestina de cigarros em Agudo, sendo possível constatar que estava em funcionamento por cerca de dois anos, produzindo em torno de 300 caixas, cada uma com 50 pacotes, num total de 150 mil maços, em apenas um dia. No mercado clandestino, cada caixa de cigarros é vendida por cerca de mil reais, totalizando a quantia de 300 mil de faturamento bruto por dia.
A investigação criminal ainda apontou indícios de que a produção de cigarros guarda relação com o tráfico de drogas, tendo em vista que uma organização criminosa com atuação na zona sul do Estado estaria produzindo cigarros ilegais na Região Central, mais especificamente no município de Agudo.
Para além do fornecimento de drogas, a mencionada organização criminosa estaria estendendo os negócios ilícitos para, também, distribuir cigarros produzidos ilegalmente tanto para a zona sul do Estado quanto para a Região Central, ocupando, para tanto, o município de Agudo como sede para a produção, sobretudo pela facilidade de utilização das rodovias para escoamento da produção ilícita, em face da privilegiada localização do município de Agudo no mapa do Estado.
Conforme informações coletadas no local, a fábrica ilegal de cigarros utilizava como “fachada” uma empresa de arroz com sede em São Borja, indicando que, para além da prática de crimes de tráfico e crimes contra as relações de consumo, poderia haver a consumação de estelionatos contra os produtores da região por meio da compra fraudulenta de arroz.
Cabe destacar que fábricas clandestinas de cigarros evidenciam uma logística engenhosa das organizações criminosas, que geralmente optam por locais situados em área rural, porém com facilidade ao acesso a matérias primas, especialmente o tabaco, o qual é cultivado em larga escala em nosso Estado, sendo a fonte de renda de diversos agricultores. Então, verifica-se que, até mesmo pela ampliação do combate ao contrabando de cigarros vindos do Paraguai, as organizações criminosas optaram por fixar empresas clandestinas de modo a produzir cigarros ilegais em território nacional, facilitando o escoamento da produção, por rotas diversas daquelas utilizadas pelos contrabandistas, aumentando ainda mais os lucros da atividade ilícita.
Os Delegados Sandro Meinerz e Alencar Carraro destacam a importância da ação realizada no dia de hoje, que tem por objetivo retirar de circulação produtos que sejam impróprios ao consumo humano, no caso cigarros sem qualquer procedência, os quais não estão sujeitos a nenhum controle fitossanitário a pronunciar e causam efeitos devastadores na economia brasileira. “Ainda, ressalte-se que, com a participação do tráfico de drogas na produção de cigarros ilegais, podem advir consequências ainda mais nefastas e crimes violentos letais intencionais”, esclareceu Meinerz.