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Operação Polaco é deflagrada no combate à organização criminosa atuante no tráfico de drogas sintéticas

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Operação Polaco
Operação Polaco

Na manhã desta quinta-feira (26/06), a Polícia Civil, por meio da 4ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (4ª DIN/DENARC), deflagrou a Operação POLACO, com o objetivo de combater uma organização criminosa voltada ao tráfico de drogas sintéticas e à lavagem de capitais, com atuação estruturada e ramificada na Região Metropolitana de Porto Alegre, com epicentro no município de Viamão.

As ações operacionais desencadeadas nesta manhã visaram cumprir 58 ordens judiciais (20 mandados de busca e apreensão, nove mandados de prisão preventiva, oito bloqueios de contas bancárias e 21 sequestros de veículos). Durante as ações, nove indivíduos foram presos. Também foram apreendidos 250 frascos de cetamina, oito armas de fogo, 10 veículos, uma motocicleta, dinheiro, munições e diversas joias.

DA INVESTIGAÇÃO

As investigações tiveram início a partir de informações que apontavam a utilização de um estabelecimento agropecuário como fachada para a distribuição ilícita de cetamina, substância controlada de uso veterinário, utilizada na formulação da droga sintética. A partir dessa informação, identificou-se que os responsáveis pelo comércio possuíam vínculo direto com o tráfico de entorpecentes, inclusive com antecedentes criminais pela mesma natureza delitiva.

Com o aprofundamento das investigações, foi possível verificar que a organização criminosa atuava de forma sistemática e com divisão de funções entre os membros, incluindo operadores financeiros, intermediários comerciais, fornecedores, transportadores e entregadores. Por meio da análise das quebras de sigilo bancário e das comunicações telemáticas autorizadas judicialmente, foi possível constatar a utilização de contas bancárias interpostas, conhecidas como “contas de passagem”, movimentadas por indivíduos com aparente ausência de capacidade econômica, cuja única finalidade era mascarar a origem ilícita dos recursos e repassá-los aos reais destinatários, principalmente empresas de fachada. Destaca-se que a principal empresa utilizada no esquema de distribuição da Cetamina adquiriu quantidades expressivas do produto junto à distribuidora autorizada — por exemplo, foram adquiridas 413 das 483 unidades de um lote específico, e 210 de 360 unidades de outro — superando em larga escala os demais compradores registrados no país, evidenciando desvio sistemático de finalidade e direcionamento do produto para o tráfico de entorpecentes

Segundo a Delegada Ana Flávia Leite, titular da 4ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico do Denarc, durante a análise financeira, identificou-se ainda a utilização de diversas estratégias típicas de lavagem de capitais, como o smurfing (fragmentação de depósitos em espécie abaixo do limite de rastreamento), aquisição de veículos de alto valor e artigos de luxo com pagamento à vista, registro de bens em nome de terceiros e estruturação empresarial com capital social desproporcional à atividade declarada.

“Foram detectadas transações com empresas do ramo de imóveis e comércio de ouro, além de aportes diretos em contas de pessoas físicas que, na sequência, redirecionavam os valores à empresa-fachada central do esquema. As movimentações revelaram ainda a existência de transferências fracionadas e simultâneas, realizadas por diversos indivíduos conectados ao tráfico, somando cifras superiores a R$ 500.000,00 em curtos períodos, sempre com posterior canalização dos valores para contas ligadas ao principal núcleo empresarial criminoso. O cruzamento das informações bancárias com os metadados telemáticos dos investigados evidenciou, ainda, comunicações que comprovam tratativas diretas de venda de cetamina, reorganização de fornecedores e disputas territoriais entre integrantes da organização”, explicou a Delegada.

Além do núcleo logístico e financeiro, a investigação revelou o uso de empresas de estética e pet shop para dissimulação patrimonial, bem como o envolvimento de mulheres ligadas afetivamente aos principais articuladores da quadrilha, as quais atuavam como administradoras formais de contas, imóveis e veículos, sem, contudo, apresentarem qualquer fonte lícita de renda compatível com os valores movimentados.

DA PRIMEIRA FASE OPERACIONAL – OPERAÇÃO “SPECIAL K”

A presente investigação tem interligação com a Operação Special-K, que foi deflagrada em março deste ano. Naquela oportunidade, apurou-se que um casal vinha promovendo a distribuição de drogas sintéticas, especialmente cetamina e ecstasy, no município de São Leopoldo/RS, atuando com autorização de lideranças de uma organização criminosa com sede no bairro Feitoria, vinculada a uma organização de maior envergadura sediada no Vale dos Sinos.

A análise do material angariado indicou a existência de uma organização criminosa com mais de trinta integrantes, estruturada em níveis hierárquicos e com nítida divisão de tarefas, incluindo responsáveis pela fabricação, fracionamento, armazenamento, entrega dos entorpecentes, arrecadação de valores e ocultação patrimonial. Foi possível verificar, inclusive, a atuação de lideranças recolhidas ao sistema prisional, que, apesar da custódia, continuavam exercendo comando e recebendo valores oriundos do tráfico.

Polícia Civil RS