Polícia Civil deflagra Operação Beatus no combate à lavagem de capitais
Operação é a maior da história da Polícia Civil gaúcha em sequestros de ativos oriundos da distribuição de drogas
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A Polícia Civil, por intermédio da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Denarc (DRLD/Denarc), deflagrou nesta quarta-feira (11/12) a Operação Beatus, com objetivo de desarticular uma ampla rede de lavagem de dinheiro pertencente a organização criminosa ligada ao narcotráfico.
A ofensiva contou com apoio operacional de 200 policiais civis gaúchos e de outros quatro Estados (Deic/Denarc da Polícia Civil de Santa Catarina; Denar da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul; Deic/Denarc da Polícia Civil de Tocantins e Polícia Civil do Paraná), bem como do Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos (GIE) durante o inquérito.
Nesta manhã foram cumpridos 48 mandados de busca e apreensão, 17 mandados de prisão preventiva, apreensão de veículos de luxo, indisponibilidade de bens imóveis e de ativos de pessoas físicas e jurídicas no sistema bancário.
As ordens judiciais foram cumpridas em Porto Alegre, Canoas, Alvorada, Cachoeirinha, Novo Hamburgo, Parobé, Charqueadas, Montenegro, Capão da Canoa, Imbé, Gravataí, Gramado, Palmares do Sul e regiões do oeste gaúcho; nos demais Estados, ações investigativas foram feitas em Santa Catarina (Camboriú), Paraná (Curitiba), Tocantins (Paraíso), e Mato Grosso do Sul (Corumbá), com execução de mandados de busca e prisão no dia de hoje em TO, MS e PR.
Até o momento, sete pessoas foram presas e cinco veículos apreendidos na Operação.
No decorrer da investigação, em relação a 34 pessoas físicas e jurídicas, 132 medidas de afastamentos de sigilos bancários, financeiros, fiscais, telemáticos foram solicitadas e analisadas. Outras 131 medidas operacionais, dentre mandados e sequestros/gravames, estão sendo executados hoje, totalizando 263 medidas/ordens judiciais.
Estão sendo indisponibilizadas, para futuro perdimento, 15 fazendas com grande extensão no interior do Rio Grande do Sul, algumas com pista de pouso, e outros 13 imóveis de luxo na grande Porto Alegre, serra gaúcha e Santa Catarina. Juntamente com as restrições e apreensões de veículos de luxo, bem como bloqueios de contas de 29 pessoas físicas e jurídicas no sistema bancário, pode-se chegar a 122 milhões de reais o total em bens/ativos sequestrados.
Segundo o Delegado Adriano Nonnenmacher, titular da DRLD/Denarc, durante a investigação a organização criminosa movimentou mais de R$ 500 milhões de reais. Considerando as fases anteriores, de investigações conexas (Operação Partícipes/Consortium, deflagradas em 2023), a soma circulante pode passar de um bilhão de reais.
O modus operandi do grupo, chefiado por um líder de organização criminosa, consiste na realização de centenas de operações dissimuladas no sistema financeiro, com pulverizações diárias entre seus integrantes, bem como mescla em empresas reais, criação de empresas de fachada, colocação de sócios "laranjas", integração de capital ilícito e/ou inserção de dados falsos nas declarações junto à Receita Federal, confusão patrimonial dolosa, afastamentos em investimentos difusos na economia, como cooperativas, fundos, “empresas de prateleira”, fintechs, ocultação de bens imóveis, veículos de luxo, dentre outras tipologias complexas.
“Provas angariadas confirmaram que a organização atua com grande sofisticação, realizando um emaranhado doloso no sistema bancário, com centenas de transações trianguladas, fracionadas, e mediante inúmeras falsidades junto a bancos. No decorrer da análise policial financeira e telemática, percebeu-se o cuidado que tinham para não serem detectados pelos serviços de prevenção e controle dos bancos, combinando valores, transações discretas e modalidades de burlas mais eficientes para evitar apontamentos, demonstrando elevado conhecimento das rotinas de compliance/prevenção no sistema financeiro e de empresas com as quais mantinham negócios para a compra de bens em ocultação”, explica Nonnenmacher.
Os criminosos utilizavam códigos em seus nomes e diálogos para evitar identificação, bem como demais falsidades junto a operadoras de telefonia, bancos tradicionais e digitais. Além disso, a divisão de tarefas e hierarquia era como uma grande empresa, com o seu líder determinando três gerentes financeiros, a administração e gestão dos ativos ilícitos em coautoria com demais operadores financeiros e laranjas descobertos, dentre eles, empresários, comerciantes e profissionais liberais, alguns sem antecedentes criminais, outros já indiciados por tráfico de drogas e estelionatos, todos com prisões preventivas decretadas e bens bloqueados.
“Dentre as pessoas jurídicas investigadas e algumas já com ativos bloqueados, temos revendas de veículos, supermercados e empresas de fundos/participações, serviços gerais e de saúde”, disse o Delegado Nonnenmacher.
Conforme o Delegado Alencar Carraro, Diretor de Investigações do Denarc, a operação deflagrada no dia de hoje teve resultado exitoso após intensos trabalhos de análises e demais diligências, sendo a maior da história da Polícia Civil gaúcha em sequestros de ativos oriundos da distribuição de drogas.
O Delegado Carlos Wendt, Diretor-Geral do Denarc, afirmou que a estratégia de prender e descapitalizar grandes lideranças e seus operadores vem sendo intensificada pelo departamento nos últimos anos, reprimindo tais delitos com investigações especializadas e propiciando ações penais com justas e céleres condenações.